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5 razões pelas quais as guerras no Oriente Médio são tão complexas e interligadas

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5 razões pelas quais as guerras no Oriente Médio são tão complexas e interligadas

O Oriente Médio é uma região que abrange parte da Ásia, da África e da Europa, e que é palco de diversos conflitos há décadas. Mas por que existem tantas guerras no Oriente Médio? Quais são as causas e as consequências desses conflitos? Neste artigo, vamos explicar 5 motivos que podem te ajudar a compreender melhor essa complexa realidade.

Uma história de disputas e intervenções

O primeiro motivo para entender as guerras no Oriente Médio é a sua própria história. A região foi habitada por diferentes povos e civilizações ao longo dos séculos, como os egípcios, os persas, os gregos, os romanos, os árabes, os turcos, os mongóis, entre outros. Cada um desses povos deixou sua marca na cultura, na religião, na política e na economia do Oriente Médio.

Além disso, a região foi alvo de diversas intervenções estrangeiras, especialmente a partir do século XIX, quando as potências europeias começaram a disputar o controle dos territórios e dos recursos naturais do Oriente Médio, como o petróleo. Essas intervenções resultaram na imposição de fronteiras artificiais, na criação de Estados artificiais e na divisão de grupos étnicos e religiosos.

Um exemplo disso foi o Acordo Sykes-Picot, assinado em 1916 entre a França e o Reino Unido, que dividiu o Oriente Médio em zonas de influência, sem levar em conta as aspirações dos povos locais. Outro exemplo foi o Plano da ONU para a partilha da Palestina, aprovado em 1947, que previa a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na região que era habitada por ambos os povos. Esse plano foi rejeitado pelos árabes, que consideravam a presença dos judeus como uma invasão, e deu origem à primeira guerra árabe-israelense, em 1948, que resultou na criação do Estado de Israel.

Uma guerra fria entre potências regionais

O segundo motivo para entender as guerras no Oriente Médio é a rivalidade entre as potências regionais, que disputam a hegemonia política, econômica e religiosa na região. Essas potências são, principalmente, a Arábia Saudita e o Irã, que representam duas vertentes distintas do Islã: o sunismo e o xiismo.

O sunismo é a corrente majoritária do Islã, que segue a tradição dos companheiros do profeta Maomé. O xiismo é a corrente minoritária, que segue a linhagem dos descendentes do profeta. Essa divisão remonta ao século VII, após a morte de Maomé, quando surgiu uma disputa pela sucessão da liderança dos muçulmanos.

A Arábia Saudita é o principal país sunita do Oriente Médio, e tem como aliados outros países sunitas, como o Egito, a Jordânia, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein, o Kuwait e o Catar. O Irã é o principal país xiita do Oriente Médio, e tem como aliados outros países ou grupos xiitas, como o Iraque, a Síria, o Líbano, o Iêmen e o Hezbollah.

Esses dois blocos se enfrentam indiretamente em vários conflitos na região, como a guerra civil na Síria, a guerra civil no Iêmen, a crise no Líbano, a tensão no Golfo Pérsico, entre outros. Esses conflitos são chamados de “guerras por procuração”, pois envolvem o apoio financeiro, militar ou político de uma potência a um dos lados em disputa.

Uma questão de identidade e direitos

O terceiro motivo para entender as guerras no Oriente Médio é a questão da identidade e dos direitos dos povos que habitam a região. Muitos desses povos se sentem oprimidos, marginalizados ou excluídos pelos Estados que os governam, e reivindicam mais autonomia, reconhecimento ou independência.

Um exemplo disso é o caso dos curdos, um povo de origem indo-europeia que vive em uma região montanhosa que abrange partes da Turquia, do Iraque, da Síria, do Irã e da Armênia. Os curdos são a maior nação sem Estado do mundo, e sofrem com a perseguição, a discriminação e a violência por parte dos governos desses países. Os curdos lutam há décadas por um Estado próprio, chamado de Curdistão, ou por mais direitos e autonomia dentro dos Estados onde vivem.

Outro exemplo é o caso dos palestinos, um povo de origem árabe que vive na região da Palestina, que foi ocupada por Israel após as guerras de 1948, 1967 e 1973. Os palestinos reivindicam a criação de um Estado independente, que incluiria a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, territórios que estão sob o controle de Israel. Os palestinos sofrem com a violação dos seus direitos humanos, a restrição da sua liberdade de movimento, a expansão dos assentamentos israelenses, a demolição das suas casas, entre outras formas de opressão.

Uma influência de movimentos radicais

O quarto motivo para entender as guerras no Oriente Médio é a influência de movimentos radicais, que defendem uma visão extremista da religião, da política ou da ideologia, e que recorrem à violência para impor os seus objetivos. Esses movimentos se aproveitam do contexto de instabilidade, pobreza, desigualdade e ressentimento que existe na região, e atraem seguidores que buscam uma forma de resistir, de se afirmar ou de se vingar.

Um exemplo disso é o caso do Estado Islâmico, um grupo terrorista que surgiu em 2014, a partir de uma facção da Al-Qaeda no Iraque, e que proclamou um califado, ou seja, um Estado islâmico, que abrangia partes do Iraque e da Síria. O Estado Islâmico defendia uma interpretação radical do Islã, baseada na lei islâmica, ou sharia, e que rejeitava qualquer outra forma de governo, religião ou cultura. O Estado Islâmico cometeu atrocidades contra as populações que dominava, como execuções, torturas, estupros, escravidão, entre outras. O Estado Islâmico também realizou ataques terroristas em vários países, como a França, a Bélgica, a Turquia, o Egito, entre outros.

Outro exemplo é o caso do Hezbollah, um grupo político-militar que surgiu em 1982, no Líbano, como uma resposta à invasão israelense no país. O Hezbollah defende uma visão nacionalista e islâmica, baseada na revolução iraniana de 1979, e que se opõe à presença de Israel e dos Estados Unidos na região. O Hezbollah é considerado um grupo terrorista por alguns países, como os Estados Unidos, a França e o Reino Unido, pois realizou ataques contra alvos civis e militares, como o atentado contra a embaixada dos Estados Unidos em Beirute, em 1983, que matou 241 pessoas.

Uma interferência de potências globais

O quinto e último motivo para entender as guerras no Oriente Médio é a interferência de potências globais, que têm interesses estratégicos, econômicos ou ideológicos na região, e que intervêm nos conflitos locais, seja por meio de apoio diplomático, de sanções, de ajuda humanitária, de venda de armas, de operações militares, entre outras formas.

Um exemplo disso é o caso dos Estados Unidos, que têm uma forte aliança com Israel, e que apoiam o país em diversos aspectos, como na segurança, na economia, na política e na cultura. Os Estados Unidos também têm uma relação de dependência com a Arábia Saudita, que é o maior produtor de petróleo do mundo, e que fornecem o combustível para a sua economia e para o seu poder militar.

Os Estados Unidos também têm uma rivalidade com o Irã, que consideram uma ameaça à estabilidade e à segurança da região, e que impõem sanções e pressões ao país. Os Estados Unidos também participaram de várias guerras no Oriente Médio, como a guerra do Golfo, em 1991, a guerra do Iraque, em 2003, e a guerra contra o Estado Islâmico, em 2014.

Outro exemplo é o caso da Rússia, que tem uma aliança histórica com a Síria, e que apoia o regime de Bashar al-Assad, que enfrenta uma guerra civil desde 2011. A Rússia também tem interesses econômicos e geopolíticos na região, como o acesso ao Mar Mediterrâneo, a venda de armas e a influência sobre os países vizinhos. A Rússia também intervém em vários conflitos no Oriente Médio, como a guerra na Síria, a guerra no Iêmen, a crise no Líbano, entre outros.

Quais as razões pelas quais as guerras no Oriente Médio são tão complexas

As guerras no Oriente Médio são tão complexas e interligadas por vários motivos, mas podemos destacar algumas delas:

  • A diversidade étnica, religiosa e cultural da região, que gera conflitos internos e externos entre os diferentes grupos que disputam poder, território e identidade. Por exemplo, há tensões entre árabes e persas, entre sunitas e xiitas, entre curdos e turcos, entre judeus e muçulmanos, entre cristãos e islâmicos, entre outros.
  • A interferência das potências estrangeiras na região, que buscam defender seus interesses econômicos, políticos e estratégicos, e que muitas vezes apoiam ou financiam grupos rivais ou regimes autoritários. Por exemplo, os Estados Unidos e a União Soviética disputaram a influência no Oriente Médio durante a Guerra Fria, e atualmente a Rússia, a China, a Turquia, o Irã e a Arábia Saudita são alguns dos atores que intervêm na região.
  • A importância do petróleo e do gás natural para a economia mundial, que faz do Oriente Médio uma região estratégica e cobiçada, e que gera conflitos por causa do controle, do transporte e do preço desses recursos. Por exemplo, a Guerra do Golfo, em 1991, foi motivada pela invasão do Kuwait pelo Iraque, que queria se apropriar de seus campos petrolíferos, e que provocou a reação de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos.
  • A criação do Estado de Israel, em 1948, que foi apoiada pelas Nações Unidas e pelos países ocidentais, mas que foi rejeitada pelos países árabes e pelos palestinos, que reivindicam o direito à terra e à autodeterminação. Por exemplo, a questão palestina é um dos principais motivos dos conflitos entre Israel e seus vizinhos, como o Egito, a Síria, o Líbano e a Jordânia, e também entre Israel e grupos como o Hamas e o Hezbollah, que lançam ataques contra o território israelense.
  • A ascensão do fundamentalismo islâmico, que é uma corrente radical que interpreta de forma literal e violenta os preceitos do Islã, e que busca combater o que considera como a influência corruptora e decadente do Ocidente e do sionismo. Por exemplo, grupos como a al-Qaeda e o Estado Islâmico são responsáveis por atos terroristas dentro e fora do Oriente Médio, e por tentativas de estabelecer um califado, ou seja, um Estado islâmico regido pela lei sharia.

Para saber mais sobre os conflitos no Oriente Médio, você pode consultar os seguintes links: Conflitos no Oriente Médio: contexto e principais conflitos!Guerra no Oriente Médio: entenda o motivo da guerra em Israel 2023 e o maior ataque do HamasConflitos no Oriente Médio: causas e efeitosQuais são os principais motivos dos conflitos no Oriente Médio?Conflitos no Oriente Médio: origens antigas, motivos recentes.

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Conclusão

Neste artigo, explicamos 5 motivos para entender as guerras no Oriente Médio: uma história de disputas e intervenções, uma guerra fria entre potências regionais, uma questão de identidade e direitos, uma influência de movimentos radicais e uma interferência de potências globais. Esses motivos mostram que os conflitos no Oriente Médio são complexos, multifacetados e interligados, e que envolvem diversos atores, interesses e ideologias.

Esperamos que este artigo tenha sido útil para você, e que tenha contribuído para ampliar o seu conhecimento sobre essa região tão importante e tão conflituosa do mundo. Se você gostou deste artigo, compartilhe com os seus amigos e deixe a sua opinião sincera e as suas sugestões nos comentários. Obrigado pela sua atenção!

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